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Dramas da tecnologia – Erros de cálculo

Não é certamente novidade para o leitor que ser engenheiro é ter na cabeça uma grande quantidade de informação matemática. Imagine-se só, o peso de escolher e ter o prazer de pertencer a essa profissão e de repente ir todo por “água abaixo” apenas e só apenas por erros de cálculo. Seria realmente um drama. Afinal, será a matemática tão importante no nosso dia a dia?

Plataformas vs Comboios

Quando a França encomendou, leia bem, 2 mil comboios para circularem na rede regional deparou-se com um problema de proporções elevadissimas. Os comboios eram grandes demais para as plataformas existentes! 

“Recusamos pagar um único cêntimo por estas reparações. Não podemos ser tomados por tontos e financiar depois”, disse Alain Rousset, o Presidente da Associação das Regiões de França.

Eram mais de 1.300 estações que necessitavam de reparações, o que envolvia mais de 50 milhões de euros em obras, para além do custo dos comboios que já tinham sido pagos. Tudo isto deriva de um erro de cálculo descoberto tarde demais!

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Mars Climate Orbiter

O primeiro satélite meteorológico interplanetário, feito para orbitar Marte, desapareceu em 1999, porque a equipa da NASA usou o sistema anglo-saxónico de unidades (que utiliza medidas como polegadas, milhas e galões), enquanto uma das empresas contratadas usou o sistema decimal (baseado no metro, no grama e no litro).

Não sabendo ao certo o que se passou com a sonda pois ninguém viu, após a descoberta do erro (que era a conversão de unidades) pensou-se que se tenha destruído em contacto com a atmosfera!

O navio Vesa

Em 1628, uma multidão na Suécia presenciou horrorizada o novo navio de guerra Vesa naufragar em sua viagem inaugural, a menos de dois quilômetros da costa. Na ocasião, 30 tripulantes morreram. Mais tarde descobriram que o navio era assimétrico, ou seja, tinha problemas de medidas. E porquê?

Quando encontraram quatro réguas, foi possivel responder a essa questão! Duas delas estavam calibradas em pés suecos, que têm 12 polegadas, enquanto as outras usavam pés de Amsterdã, com 11 polegadas.

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O planador de Gimli

Quando o Canadá adoptou, em 1970, o sistema métrico decimal, o indicador de combustível a bordo do avião (planador) não funcionava. Então a tripulação usou um tubo para medir quanto combustível estariam a colocar no depósito, durante o abastecimento. Quando as medidas de volume foram convertidas em medidas de peso, percebeu-se que o procedimento deu errado, isto porque houve uma confusão entre libras e quilos.

O telescópio Hubble

Famoso pelas suas lindas imagens, quando lançado as imagens não eram tão bonitas assim. As primeiras imagens estavam “borradas”, isto porque se usou um espelho principal muito plano. Só 2,2 micrômetros, 50 vezes menos do que a espessura de um fio de cabelo humano – mas o suficiente para colocar em perigo todo o projeto.

Uma missão espacial acabou por conseguir corrigir o erro.

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Big Ben

Em 1857, o sino do Big Ben rompeu-se e foi substituído. Este segundo sino rompeu-se também passado pouco tempo. O problema estava no peso do pêndulo, pois era muito pesado. A solução foi trocar o pêndulo por um mais leve.

A ponte de Laufenburg

A Grã-Bretanha mede a altura, por exemplo, em relação ao nível do mar em Cornwall, enquanto a França o faz em relação ao nível do mar em Marselha”, Philip Woodworth, do Centro Oceanográfico Nacional, em Liverpool, na Inglaterra

Laufenburg é uma povoação que está na divisa entre a Alemanha e a Suíça.

Conforme as duas metades de uma ponte se aproximavam uma da outra durante a construção, em 2003, ficou evidente que, em vez de estarem “à mesma altura do nível do mar”, um lado estava 54 centímetros acima do outro.

O lado alemão teve que ser rebaixado para que a ponte pudesse ser completada.

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A dieta do explorador Scott

O explorador Robert Falcon cometeu um erro fatal ao calcular a quantidade de comida que os seus homens necessitariam durante a sua expedição ao Pólo Sul, realizada entre 1910 e 1912.

Eles recebiam uma ração de 4,5 mil calorias por dia, o que era insuficiente quando se tem que arrastar trenós, ainda  para mais a uma grande altitude. Acredita-se que todos morreram à fome durante a viagem.

A pista de biatlo de Sochi

Na Rússia, nas vésperas das Olimpíadas, descobriram que a pista era 40 metros mais curta. Este circuito deveria ser de 2.5 km. Quem competisse na prova, por exemplo, pelos 7.5 km faria apenas 7.4 km.

No entanto conseguiram corrigir o erro antes das provas começarem.

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A Ponte do Milénio de Londres

Para marcar o novo milénio, foi construída uma ponte para pedestres em Londres. Desde cedo se percebeu que esta tremia de uma forma muito preocupante.

Um dos problemas do design de uma ponte para pedestres é o efeito da “pisada sincronizada”: à medida que a ponte balança, as pessoas ajustam o seu passo conforme o ritmo da ponte, aumentando ainda mais a sua oscilação.

Neste caso, quem projectou, teve em conta os passos sincronizados de cima para baixo, mas não o efeito para os lados. O problema foi corrigido utilizando amortecedores.

Conhece mais alguma obra que tenha sido parada por erros de cálculo?

António Sousa

António Sousa, técnico de redes e sistemas informáticos e fundador do Tech em Português! Sou um amante das novas tecnologias e um aventureiro dessa grande "auto-estrada" que é a internet!