YouTube garante não ter provas da promoção do desafio, que incita ao suicídio e à violência, nos seus vídeos infantis. Especialistas britânicos lamentam histeria à volta do assunto do Momo.
Momo: Seria afinal uma grande mentira?
Temeu-se o pior no verão do ano passado, com a notícia de um novo desafio nas redes sociais a incitar crianças e jovens ao suicídio e à violência, que suscitou alertas das autoridades de vários países, inclusive de Portugal, mas o “Momo” acabou por desaparecer tão rápido como surgiu. Até ontem.
O “Momo Challenge”, no original, um desafio que começou nas aplicações de mensagens WhatsApp e Facebook Messenger, e ter-se-á estendido ao YouTube, segundo relatos de pais, voltou a ganhar vida, mas, desta feita, os alertas surgem no sentido de não se dar mais voz a uma brincadeira de mau gosto, como definiu, nesta quinta-feira, a Sociedade britânica para a Prevenção da Crueldade contra Crianças (NSPCC).
Também o YouTube e a Google reagiram nas últimas horas a este ressurgimento do pânico entre os pais, uma das reações foi inclusive a uma publicação nos Stories da socialite norte-americana Kim Kardashian no Instagram, que pedia ajuda à plataforma de vídeos online para acabar com o “Momo” nos vídeos infantis.
A Google também disse estar atenta às notícias, mas garantiu não ter encontrado provas da promoção do jogo no YouTube, “apesar das notícias que dão conta do reaparecimento do desafio”.
Como o “Momo” voltou à ribalta não se sabe bem, mas, segundo o The Guardian, terá tido lugar numa publicação de uma mãe inglesa no Facebook, que se tornou viral e chegou, inclusive, ao outro lado do Atlântico.
O “Momo” dá a cara através de uma imagem de uma escultura japonesa, de uma mulher com olhos esbugalhados e pés de galinha, e espalha-se através de um número de telefone, que tem de ser adicionado pelos utilizadores, exigindo depois a realização de determinadas tarefas, à semelhança do que acontecia com o desafio “Baleia Azul”.
No entanto, especialistas consultados pelo The Guardian garantem que o “Momo” não é mais do que um desafio para “espalhar o pânico” entre os adultos.
A NSPCC, por exemplo, diz que não há provas de danos físicos e que a histeria à volta do desafio pode colocar pessoas mais vulneráveis em risco ao encorajá-las a pensar num desafio que incita ao suicídio. A Sociedade britânica para a Prevenção da Crueldade contra Crianças conta, também, que tem recebido mais telefonemas da comunicação social sobre o assunto do que propriamente dos pais.
O Centro Internet Segura do Reino Unido vai mais longe e afirma mesmo que os relatos de suicídios e danos físicos autoinfligidos são “fake news”, ou seja, “notícias falsas”.
No mesmo sentido, como foi já referido, o YouTube assegura não ter provas de que este desafio se tenha introduzido nos vídeos infantis, apanhando pais e filhos desprevenidos.
Queremos clarificar algo relativamente ao desafio Momo: não temos provas de vídeos que mostrem ou promovam o desafio Momo no YouTube. Conteúdos deste tipo violam as nossas políticas e são removidos de imediato.”
O Youtube agradeceu, inclusive, a um youtuber norte-americano, Philip DeFranco, por ter “desmascarado o desafio Momo e encorajar os pais a assinalar os conteúdos impróprios para crianças ao Youtube”.
Num dos seus vídeos, Philip DeFranco considera que o “Momo” é um “embuste para atormentar pais ignorantes”.